De Chris LEFKOW (AFP) – Há 6 horas
WASHINGTON — A enxurrada de notas diplomáticas americanas divulgadas pelo site WikiLeaks em 2010 marca uma importante etapa na evolução da internet, revelando a extensão de seu poder no mundo, para o melhor ou para o pior.
As revelações do WikiLeaks relembram o caso Napster, em 1999, que causou uma onda de choque na indústria musical ao colocar para livre acesso na internet, gratuitamente, centenas de milhares de músicas. O evento mudou profundamente os comportamentos dos consumidores e profissionais do setor.
Teria, então, o WikiLeaks tido o mesmo efeito em matéria de diplomacia, de transparência e de liberdade de expressão? Esta é a questão que a imprensa, governos e especialistas tentam responder.
Para o WikiLeaks, a publicação, que começou no finalde novembro, de mais de 250 mil correspondências diplomáticas tinha como objetivo evidenciar a "contradição" entre a posição oficial americana e "o que era dito atrás de portas fechadas".
Mas para aqueles que foram citados, o site é culpado de um crime, encoberto por um pseudo-defensor da transparência, o australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
De fato, a fronteira entre vantagens e desvantagens do método WikiLeaks é tênue, julgou Clay Shirky, especialista americano em questões sociais e econômicas relacionadas à internet.
"Como muitos, estou dividido no caso WikiLeaks", disse em uma mensagem postada em seu site Shirky.com.
"É claro que cidadãos de uma democracia que funciona devem saber o que fazem e falam de seu país em seus nomes", argumentou. "E o WikiLeaks desempenha plenamente este papel".
"Mas por outro lado, nem tudo pode ficar completamente transparente", disse, referindo-se ao segredo diplomático.
"As pessoas que tentam encontrar soluções devem ser capazes de expressar privadamente opiniões que eles condenariam em seguida em público" e "o WikiLeaks compromete muito estas práticas", observou.
Andrew Rasiej, cofundador do blog sobre política e tecnologia techPresident.com, considera, por sua vez, que o WikiLeaks fez a internet entrar em uma nova era.
"É um evento 'à la' Napster, onde a tecnologia modifica a relação entre pessoas e seus governos", continuou.
"E eu espero que quando tudo se acalmar, o governo (americano) reconheça que ele deve se esforçar em matéria de abertura e de transparência e que ele deve utilizar o segredo apenas em raras ocasiões", acrescentou.
Mas Rasiej teme, no entanto, que "os governos sejam tentados a impor um remédio pior do que a doença".
O futuro pode ainda ficar mais obscuro para o WikiLeaks, cercado de todos os lados por governos com recursos colossais, salientou James Lewis, especialista em cibersegurança do Center for Strategic and International Studies.
"Em dez anos, mais pessoas dirão que o WikiLeaks não foi uma boa coisa", lançou, relembrando que o caso Napster terminou no esquecimento por causa da influência das grandes empresas.
Os responsáveis pelo WikiLeaks "começaram, talvez, com boas intenções, mas isso vai se voltar contra eles", acrescentou James Lewis. "As pessoas vão acabar se perguntando se tais comportamentos são responsáveis. E acredito que a resposta será 'não'".
"Podemos ter certeza que novos documentos serão revelados, o WikiLeaks nos deixou claro que nenhum segredo está bem guardado", disse, por sua vez, um especialista em mídia, Jeff Jarvis, no blog Buzzmachine.com.
"Com a internet, o poder muda de mãos", continuou. "Passa daqueles que detêm os segredos para aqueles que criam as aberturas".
Experimental Blog of the research group titled "Institutions, political behavior and new digital technologies" (Geist) coordinated by Professor Sérgio Braga of the Department of Social Science/ UFPR. The group seeks to investigate the use of the internet by different actors from the point of view of political scientist, not that one of the social philosopher, information manager, sociologist of communication nor computer expert's.
13 de dez. de 2010
WikiLeaks coloca internet no centro da diplomacia mundial
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