29 de mai. de 2009

A luta de classes no Youtube


O "blog do Josias" (porque la vida es gratis) publicou hoje uma interessante reportagem sobre a "guerra de vídeos" que a oposição e o governo estão travando no Youtube. Agora, com este recurso, o cidadão-internauta pode não só assistir na hora em que desejar os programas eleitorais (e as promessas) dos políticos como também pode salvar os vídeos em seu computador[clique aqui para salvar o programa -- bastante fácil de usar -- para fazer o download de videos do youtube].

Depois ainda existem os "ciberpessimistas" e os "cibercéticos" (Norris, 2001) que afirmaw que a internet é uma mídia como outra qualquer e não mudará nada (ou mudará muito pouco) os sistemas políticos contemporâneos... Segue abaixo a reportagem. (SSB: sujeito a revisão)

PT e oposição travam ‘guerra’ de vídeos no Youtube

Foi ao ar na noite passada, em rede nacional, o programa institucional do PT. Terminada a exibição, a peça foi pendurada no Youtube.

Em dez minutos, o partido expôs as linhas gerais do discurso que pretende esgrimir na campanha presidencial de 2010.


Baseia-se na comparação dos oito anos de Lula com os dois mandatos de FHC.

A era tucana é associada ao apagão, à privatização, ao desemprego, ao arrocho salarial, à vulnerabilidade frente às crises externas e à dependênca em relação ao FMI.

A fase petista é vinculada ao desenvolvimento, ao emprego, ao aumento do salário mínimo, à distribuição de renda e à tenacidade no combate à crise global.

A peça é permeada pela exaltação de três âncoras: o Bolsa Família, o plano do milhão de casas populares e o PAC.

Horas antes da exibição do programa petista, a ONG Contas Abertas divulgara um levantamento incômodo. Traça um quadro desalentador do PAC.

Nas avaliações oficiais, que se baseiam nos empreendimentos de maior vulto, 91% das obras do PAC têm andamento “satisfatório”.

No estudo da ONG, que inclui as pequenas obras de saneamento e habitação, chega-se a resultados bem menos alvissareiros.

Dois anos depois do lançamento do programa, apenas 3% das 10.194 obras do PAC estão concluídas. Pior: 74% das obras nem sequer foram iniciadas.

Na noite da véspera, 48 horas antes da veiculação da publicidade do PT, o DEM também levara ao Youtube um vídeo. Corrobora em imagens o que o Contas Abertas expôs em números.

Exibe um capítulo de algo os ‘demos’ chamam de “Caravana da Transparência”. Tem a pretensão de “desmistificar” o PAC.

Na peça do DEM, o líder Ronaldo Caiado (GO) faz as vezes de repórter. Na abertura, o deputado posta-se defronte da placa de uma das obras do PAC.

Estava no bairro de Santa Maria, em Aracaju (SE). Ali, a chegada do PAC prometia resolver o drama do saneamento básico. Caiado aponta para a placa.

Realça a data de início da obra: 1º de julho de 2008. Indica a data em que deveria ter sido concluída: 26 de fevereiro de 2009.

Depois, sob chuva fina, Caiado desfila por entre manilhas dispostas sobre a lama. Três meses depois da data prevista para o término, a obra é um empreendimento de gogó.

No encerramento do vídeo do DEM, irrompe uma frase que Lula pronunciara justamente em fevereiro: "Estejam certos, nenhuma obra do PAC irá sofrer qualquer diminuição por conta da crise econômica...”

“...Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos o meu corte de unha. Mas não cortaremos nenhuma obra do PAC nesse país seja do tamanha do que ela for”.

Entre os personagens exibidos no programa do PT, há cinco ministros. Dilma Rousseff foi a que teve mais tempo. Falou no meio e no final, logo depois de Lula.

Fez menção ao milhão de casas. Garganteou o PAC. Em reunião realizada na última quarta (27), o PSDB prometeu associar-se à cruzada anti-PAC iniciada pelos ‘demos’.

O vídeo de Aracaju é o terceiro de uma série que se pretende longa. Os dois anteriores exibiram desacertos do PAC em Pernambuco e em Santa Catarina.

Em resposta ao estudo do Contas Abertas, que se baseou em dados oficiais do governo, a Casa Civil de Dilma divulgou uma nota.

O texto não desmente a ONG. A equipe de Dilma argumenta que os projetos de saneamento e habitação (90% do programa) são computados à parte.

Alega-se o seguinte: "Estados e municípios tinham dificuldades de investir nestes setores, o que resultou na carência de projetos em condições de serem executados em curto prazo".

De resto, a nota considera imprópria a comparação feita pela quantidade de obras. Acha que o adequado é considerar o montante dos investimentos.

Escreve a Casa Civil: "Pelo critério adotado, uma pequena obra de saneamento no município de Vilhena, em Rondônia (R$ 33,9 mil) tem o mesmo peso da hidrelétrica de Santo Antonio (R$ 4,7 bilhões), por exemplo".

Na quarta-feira (3) da próxima semana, Dilma virá à boca do palco para expor mais um balanço do PAC. A oposição já prepara o contraponto.

Escrito por Josias de Souza às 05h12

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