Fonte: http://www.flickr.com/photos/whitehouse/ (04/05/2008)
Lula foi financiado por 1.319 doadores; Obama, por 3,5 mi
TSE quer regulamentar uso da internet para ampliar número de pequenas contribuições
Nas eleições municipais de 2008, cada candidato teve, em média, 2,6 doadores; Gilberto Kassab foi eleito com o apoio de apenas 109
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cerca de 380 mil candidatos a prefeito e a vereador em 2008 tiveram, em média, 2,6 doadores cada um. Mesmo quando se observa as três capitais mais relevantes, é diminuto o número de pessoas dispostas a dar dinheiro para políticos em campanha.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), teve 109 doadores no ano passado. No Rio, Eduardo Paes (PMDB) recebeu dinheiro de 61 fontes. E em Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) só conseguiu obter recursos de 27 financiadores.
Em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi reeleito com 1.319 doadores (que fizeram 1.364 contribuições). No mesmo ano, José Serra (PSDB) foi eleito governador de São Paulo com a ajuda de somente 55 financiadores.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que o pequeno número de pessoas dispostas a doar tornou-se marca das campanhas brasileiras.
Em 2006, quando foram eleitos deputados, senadores, governadores e presidente, o número médio de doadores por candidato foi de 8,6, maior do que em 2008. Mas o total de candidatos três anos atrás foi de cerca de 18 mil, muito menor do que o total que concorreu em 2008 nos municípios.
Nos EUA, as campanhas atraem muito mais doadores. Há o exemplo do democrata Barack Obama, que em 2008 teve perto de 3,5 milhões de financiadores -dos quais ao menos 2,5 milhões contribuíram com menos de US$ 200.
O candidato derrotado, o republicano John McCain, e os outros nomes de sua sigla que tentaram disputar a Casa Branca, tiveram mais de 1 milhão de doadores de até US$ 200.
Mesmo antes do uso disseminado da internet, o número de doadores nos EUA já era alto. Segundo o professor de ciência política David King, da Universidade Harvard, os concorrentes de todos os partidos à Casa Branca em 2004 receberam dinheiro de 2,1 milhões de eleitores considerados "pequenos doadores" -até US$ 200.
Esse número é mais do que o dobro dos doadores para os cerca de 380 mil candidatos a prefeito e vereador no Brasil em 2008 -quando 946 mil pessoas ou empresas deram dinheiro.
Para o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, a baixa participação de eleitores "expressa uma apatia cívica flagrante, que acaba produzindo um vácuo sempre preenchido pelo poder do ativismo econômico, com poucos doadores fazendo grandes contribuições".
O cenário é decorrente de um modelo no qual partidos e candidatos privilegiaram o caminho mais cômodo. No passado, o uso do caixa dois era generalizado. Tornava-se desnecessário buscar pequenos doadores. Nos últimos dez anos, o cerco começou a fechar -culminando com o mensalão, em 2005.
A estratégia dos partidos pós-mensalão foi canalizar doações diretamente para as agremiações. Dessa forma não fica claro quem fez a doação.
"A fonte natural de doações deveria ser o corpo de filiados. Isso não ocorre no Brasil por duas razões principais. Primeiro, porque há uma descaracterização ideológica e estrutural dos partidos. Isso faz com que o eleitor não se sinta compelido a contribuir. Segundo, porque as siglas se acostumaram a receber de 20 ou 30 grandes doadores", diz Ayres Britto.
O presidente do TSE considera "anomalia" certas empresas doarem para todos os candidatos. "Mostra que não têm comprometimento ideológico com ninguém", afirma.
Para tentar ampliar o número de doadores, o TSE está produzindo resolução que regulamenta o uso da internet. A partir de 2010, se vingar a ideia, candidatos terão sites em que serão aceitas pequenas contribuições identificadas com cartões de débito ou crédito.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), teve 109 doadores no ano passado. No Rio, Eduardo Paes (PMDB) recebeu dinheiro de 61 fontes. E em Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) só conseguiu obter recursos de 27 financiadores.
Em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi reeleito com 1.319 doadores (que fizeram 1.364 contribuições). No mesmo ano, José Serra (PSDB) foi eleito governador de São Paulo com a ajuda de somente 55 financiadores.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que o pequeno número de pessoas dispostas a doar tornou-se marca das campanhas brasileiras.
Em 2006, quando foram eleitos deputados, senadores, governadores e presidente, o número médio de doadores por candidato foi de 8,6, maior do que em 2008. Mas o total de candidatos três anos atrás foi de cerca de 18 mil, muito menor do que o total que concorreu em 2008 nos municípios.
Nos EUA, as campanhas atraem muito mais doadores. Há o exemplo do democrata Barack Obama, que em 2008 teve perto de 3,5 milhões de financiadores -dos quais ao menos 2,5 milhões contribuíram com menos de US$ 200.
O candidato derrotado, o republicano John McCain, e os outros nomes de sua sigla que tentaram disputar a Casa Branca, tiveram mais de 1 milhão de doadores de até US$ 200.
Mesmo antes do uso disseminado da internet, o número de doadores nos EUA já era alto. Segundo o professor de ciência política David King, da Universidade Harvard, os concorrentes de todos os partidos à Casa Branca em 2004 receberam dinheiro de 2,1 milhões de eleitores considerados "pequenos doadores" -até US$ 200.
Esse número é mais do que o dobro dos doadores para os cerca de 380 mil candidatos a prefeito e vereador no Brasil em 2008 -quando 946 mil pessoas ou empresas deram dinheiro.
Para o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, a baixa participação de eleitores "expressa uma apatia cívica flagrante, que acaba produzindo um vácuo sempre preenchido pelo poder do ativismo econômico, com poucos doadores fazendo grandes contribuições".
O cenário é decorrente de um modelo no qual partidos e candidatos privilegiaram o caminho mais cômodo. No passado, o uso do caixa dois era generalizado. Tornava-se desnecessário buscar pequenos doadores. Nos últimos dez anos, o cerco começou a fechar -culminando com o mensalão, em 2005.
A estratégia dos partidos pós-mensalão foi canalizar doações diretamente para as agremiações. Dessa forma não fica claro quem fez a doação.
"A fonte natural de doações deveria ser o corpo de filiados. Isso não ocorre no Brasil por duas razões principais. Primeiro, porque há uma descaracterização ideológica e estrutural dos partidos. Isso faz com que o eleitor não se sinta compelido a contribuir. Segundo, porque as siglas se acostumaram a receber de 20 ou 30 grandes doadores", diz Ayres Britto.
O presidente do TSE considera "anomalia" certas empresas doarem para todos os candidatos. "Mostra que não têm comprometimento ideológico com ninguém", afirma.
Para tentar ampliar o número de doadores, o TSE está produzindo resolução que regulamenta o uso da internet. A partir de 2010, se vingar a ideia, candidatos terão sites em que serão aceitas pequenas contribuições identificadas com cartões de débito ou crédito.
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